Por Moacir Zandonai Jr. e Nestor Tipa Júnior
Rosental Calmon Alves é professor da cadeira de jornalismo internacional da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, além de ser o criador da cadeira de jornalismo online na mesma universidade. Sua experiência com a Internet começou no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, um dos veículos tradicionais pioneiros a trabalhar com a comunicação na web. No dia 16 de março, Alves esteve em Porto Alegre (RS), onde ministrou a palestra sobre “Jornalismo e Internet” no auditório da Faculdade dos Meios de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). Em entrevista exclusiva à 359 Online, Alves explica sobre o assunto que é de interesse geral de todos.
359 Online: Comenta-se da saturação do mercado de trabalho jornalístico. O senhor acredita que com a Internet poderão se abrir novas oportunidades para os profissionais? Em quanto tempo?
Rosental Calmon Alves: Aqui nos Estados Unidos o jornalismo na Internet já é uma realidade incontestável em termos de criação de novos postos de trabalho para profissionais. A maioria dos jornais ainda têm equipes pequenas, com oito ou dez pessoas, mas os grandes jornais começaram com um quadro de 30 ou 40 profissionais e estão expandindo. O Chicago Tribune, por exemplo, tem 92 funcionários em sua redação online, contando jornalistas e programadores. O Dallas Morning News está contratando mais 30 por estes dias porque o Sidewalk, que pertence ao Bill Gates e faz concorrência aos sites dos jornais, está chegando à cidade.
359: Quais as mudanças fundamentais que devem existir no mercado jornalístico e de comunicação no sentido de apressar as mudanças?
Alves: A partir da consolidação deste novo meio de comunicação, que é a Internet, haverá mudanças na média em geral. Não é que vá haver de imediato o desaparecimento de nenhum outro meio de comunicação, mas uma adaptação. Vimos isso acontecer várias vezes neste século na medida em que apareciam novos meios.
359: Como as grandes empresas jornalísticas irão reagir, nos próximos anos às mudanças causadas pela Internet? E qual será o papel das mesmas no futuro?
Alves: Muita gente pensou que a Internet significaria o fim da grandes empresas de comunicação. Como é muito fácil publicar na Internet, haveria maior fragmentação, mais publicações, mais diversidade. Tudo isso é verdade, mas o que estamos vendo aqui nos Estados Unidos é que as grandes empresas estão tomando a dianteira na Internet, ganhando terreno para manter suas posições no mercado.
(Publicado originalmente na Edição 1, de 23 de março de 1998)
sobre o autor
- Jornalista, fundador da 359 Online. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do Rio Grande do Sul (Rádio Gaúcha, Rádio Guaíba, Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, Canal Rural e Rádio Rural). Especializado no agronegócio, conquistou 17 prêmios de jornalismo na carreira. Atualmente é fundador e sócio-diretor da AgroEffective Comunicação e Agronegócio, agência de comunicação que atende entidades e empresas do setor rural.