Por Nestor Tipa Júnior
O dia 12 de julho de 1998 tinha um significado especial para a cidade de Paris. Além de a França sediar a Copa do Mundo, também era finalista, juntamente com o Brasil, considerado favorito e que vinha em busca do seu quinto título, enquanto os donos da casa lutavam pelo seu primeiro.
Paris amanheceu quieta. O céu cinzento parecia prever um dia nada emocionante. Foi só o sol chegar lá pelo meio dia que juntamente com ele aparece o colorido das torcidas. O verde-amarelo canarinho misturava-se harmoniosamente com o azul e vermelho francЖs. estes, com seus gritos de “Vive le France”(Viva a França) e “Allez le bleu” (Vamos azuis, em alusсo a cor da camisa francesa), estavam entusiasmados e confiantes no título inédito. Em menor número, mas não menos barulhenta, a torcida brasileira já ensaiava o samba do penta. As provocações eram inevitáveis, mas sempre pacíficas, finalizadas com abraços e cordialidade, como deve ser o futebol.
De Notre Dame à Torre Eiffel, passando pela avenida Champs Elyseès, a festa promovida pelas duas torcidas foi grande e intensa até as oito horas da noite de Paris. Faltava uma hora para o jogo e era preciso se acomodar para vê-lo. As ruas ficaram desertas e os bares estavam lotados apenas esperando o apito inicial.
Durante a partida, os franceses não paravam de cantar, ainda mais após os dois gols de Zidane no primeiro tempo. Uma pausa para o intervalo, é hora de muita cerveja e muita música, e a confiança que o título estava perto, a menos de uma hora. Segundo tempo, e ж iniciada a contagem regressiva para o título em cima de um apático time do Brasil, que nem necessita comentários. O gol marcado por Petit ao final do jogo, foi o sinal para o início da festa. Final de jogo e enquanto o capitão francês Deschamps erguia a taça, as ruas já eram tomadas por carros e gente de todas as idades, alegres e felizes, que passaram a madrugada toda com suas bandeiras cantando e danуando por todos os cantos de Paris. Uma festa que jamais será esquecida por um povo que conheceu a alegria de ser campeão do mundo do esporte mais popular do planeta.
O dia 13 amanheceu chuvoso. Os jornais estampavam em suas capas a foto de seus heróis. Estampada também estava a alegria dos franceses, pintada em azul, vermelho e branco no rosto das crianças. Mesmo de ressaca, o povo continuou a festa com suas bandeiras e camisetas pelas ruas de Paris.
Oportunistas, os franceses aproveitaram e criaram o elo entre os dias 12 e 14 de julho. O dia 14 é o dia da queda da Bastilha, data mais importante da França, uma data em que os franceses demonstram todo seu patriotismo. Três dias de muita festa, que entram para a história da França de Napoleão, Joana D’Arc e, agora de Zidane & Cia. Para o Brasil, resta apenas a esperança para que uma festa assim se repita daqui a quatro anos, só que dessa vez que seja do Oiapoque ao Chuí.
Nestor Tipa Júnior foi enviado especial da 359 Online para Paris.
sobre o autor
- Jornalista, fundador da 359 Online. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do Rio Grande do Sul (Rádio Gaúcha, Rádio Guaíba, Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, Canal Rural e Rádio Rural). Especializado no agronegócio, conquistou 17 prêmios de jornalismo na carreira. Atualmente é fundador e sócio-diretor da AgroEffective Comunicação e Agronegócio, agência de comunicação que atende entidades e empresas do setor rural.